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Debora Ly Rolino

Solidão

Há tempos quero escrever sobre solidão.


Não sobre estar só, em isolamento, privado da companhia de pais, irmãos e amigos. Este “tipo de solidão”, apesar de cada dia mais difícil, conseguimos administrar. Com a ajuda da tecnologia, vamos nutrindo e até construindo novos relacionamentos.


Há tempos quero escrever sobre a solidão.


Aquela que assisto se espalhar em nossa sociedade. Mais rapidamente que qualquer vírus. Falo do sentimento explicado por Carl Jung e que aqui parafraseio: solidão é a ~incapacidade de expressar o que nos parece importante~ , devido a percepção de que ~nosso ponto de vista é inadmissível~ para os outros.


Há tempos quero escrever sobre a nossa solidão.


A solidão que estamos construindo para proteger nossas vidas confortáveis. E que nos impede de viver (realmente) em sociedade. Sinto as pessoas como cidades muradas. “Lendo” o mundo com as informações que passam pelos seus estreitos portões.


Há tempos quero escrever sobre a minha solidão.


De quem prega há anos ~escutar sem julgar~ e não encontra mais um lugar para ~compartilhar angústias sem antagonizar~. Tento construir dioturnamente portões em minha muralha. Para receber povos do norte e do sul. Escutar suas histórias. Acolher seu sofrimento. Mas, entre os meus semelhantes, não encontro o meu lugar. Estes parecem ocupados demais defendendo as verdades que mantêm suas muralhas. Confundindo-as com suas próprias vidas. Com a realidade.


Débora Ly Rolino CRP 06/159416


🌍 Atendimentos on-line e presencial. “Quando eu me aceito, então eu mudo.”

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